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Interpretação: O Sal da Terra - Beto Guedes

Alô, pessoas!
Que o mundo está sempre em conflitos, todo mundo sabe. Há debates sobre a temática do plástico, de emissões de gases esfuta e sustentabilidade. A temática sobre o meio-ambiente está cada vez mais em alta, além de guerras em diversos locais do mundo, conflitos políticos em todos os continentes e protestos. É muito importante que esses temas estejam sendo debatidos frequentemente pelo bem da humanidade e da natureza. Desde muito antes das redes socais terem tanta influência na vida das pessoas, em uma época em que a maior preocupação do mundo como um todo era o Muro de Berlim e a possível queda do partido soviético, já havia pessoas que estavam preocupadas com os problemas que poderiam afetar o futuro sustentável e harmônico que muitas pessoas almejavam desde os anos 60. 
Vamos para o ano de 1981, quando Beto Guedes lançou a música O Sal da Terra, de composição do próprio Beto Guedes e Ronaldo Bastos. Essa música traduz o que o pacifismo quer mostrar e encontra a solução para resolver os problemas citados anteriormente.
Vamos lá!

Beto Guedes cantando ''O Sal da Terra'' ao vivo com Jota Quest
Foto: Youtube


Anda, quero te dizer nenhum segredo
Falo desse chão da nossa casa
Vem que tá na hora de arrumar
Há duas interpretações para essa primeira estrofe, ambas levam ao mesmo sentido de consertar os erros que todo mundo sabe existem, mas ignoram, por isso que não é segredo que a casa precisa ser arrumada. Casa tem sentido de local onde vivemos, ou seja, pode ser interpretado como o país (Brasil) que precisa ser organizado ou o planeta Terra como um todo.

Tempo, quero viver mais duzentos anosQuero não ferir meu semelhanteNem por isso quero me ferir
Aqui vemos um provável apelo para alcançar o pacifismo a todo custo, incluindo não ferir outras pessoas e não se ferir, para assim viver duzentos anos. Mas o sentido de não se ferir pode ir muito mais a além de se machucar por motivos pessoais. Considerando o contexto da época, protestos eram feitos em várias partes do mundo, então se ferir inclui se arriscar para defender uma causa. Dessa forma, se existisse harmonia no mundo, as pessoas viveriam mais e não haveria necessidade de agredir outras pessoas ou de autoagredir.

Vamos precisar de todo mundoPra banir do mundo a opressãoPara construir a vida novaVamos precisar de muito amorA felicidade mora ao ladoE quem não é tolo pode ver
Essa estrofe é importante para o entendimento das próximas estrofes, pois é a apelação e o sentido central da música. Com a ajuda de todo mundo, o eu-lírico quer construir um mundo mais harmonioso e para isso é necessário muito amor. Quanto à felicidade, significa que não é difícil buscar a felicidade e que os que sabem ver, procurar ou sentir a felicidade não são tolos. Dessa forma, para mudar o mundo, é necessário amor e ser inteligente para buscar a felicidade. 

A paz na terra, amorO sal na terraA paz na terra, amorO sal da
O autor da música utilizou um recurso interessante nessa estrofe, pois em e quem não é tolo pode ver tanto pode se encaixar com felicidade, quanto pode se encaixar com a paz na terra, visto nesta estrofe. Assim, a felicidade e a paz na terra é algo que está próximo de nós, mas só os sábios conseguem ver. O segundo verso é uma referência bíblica; em Mateus 5:13 tem a frase ''Vós sois o sal da terra'', que diz respeito ao poder que o ser humano tem para dar sabor à Terra, dar sentido e fazer a diferença de uma forma boa. 
Essa estrofe reforça que o mundo depende dos seres humanos para que a paz mundial seja alcançada.

Terra, és o mais bonito dos planetasTão te maltratando por dinheiroTu que és a nave, nossa irmã
O mesmo recurso utilizado na estrofe anterior foi usado aqui. O autor emendou O sal da (da última estrofe) com Terra. Dessa forma, as estrofes se misturam ao mesmo tempo que dá para perceber que são duas estrofes distintas. No casso dessa, o eu-lírico decide conversar com o planeta Terra, dizendo o quão bonito ele é, além de dizer que o negligenciam por dinheiro, visto que derrubar árvores na intenção se conseguir algum ganho financeiro depois não é algo recente. Vale ressaltar que esse verso pode ir muito mais além da questão do desmatamento ou do meio-ambiente, pois, como visto anteriormente, agredir o semelhante é uma forma de atrapalhar a paz que o eu-lírico busca, então pode entrar dentro da discussão questões trabalhistas, guerras por território, corridas armamentistas e violações dos Direitos Humanos. 
O último verso é uma forma de relembrar que dependemos a Terra, pois é um planeta que faz o movimento de translação no espaço, sendo um tipo de nave que nos impede de vagar pela galáxia e por isso que precisamos deixá-la em ordem. A Terra ser nossa irmã pode significar que, por ser uma criação de Deus, seja nossa irmã por sermos uma criação de Deus também. Isso pode reforçar que não ferir o semelhante também pode ser não ferir uma pessoa e não ferir a Terra.

Canta, leva tua vida em harmoniaE nos alimenta com seus frutosTu que és do homem, a maçã
Ainda dialogando com o planeta, o eu-lírico decide alegrar o planeta dizendo para que ele cante, talvez sendo uma referência ao ditado ''quem canta, seus males espanta''. O último verso diz muito sobre o segundo verso, pois a Terra nos alimenta, nos fornece calor girando em torno do Sol, nos possibilita respirar ar puro com as plantas e algas marinhas que fazem fotossíntese e nos protege dos raios ultravioletas com a camada ozônio. Então fornecer alimento, como a maçã, pode estar atrelado a várias outras questões que nos fazem depender ainda mais da Terra e que nos obriga a cuidar do planeta. 

Vamos precisar de todo mundoUm mais um é sempre mais que doisPara melhor construir a vida novaÉ só repartir melhor o pãoRecriar o paraíso agoraPara merecer quem vem depois
A razão de um mais um ser mais que dois é que se duas pessoas se juntarem para fazer a diferença e ir juntando ''um mais um'' incessantemente, o resultado será sempre mais que dois, além de que a mínima mudança para buscar a harmonia na Terra já faz a diferença. Além de juntar todo mundo com ''um mais um'', há a necessidade de repartir o pão, ou seja, dividir igualmente o mínimo para um bem social para evitar ganâncias e egoísmos, na intenção de recriar um paraíso ou um mundo melhor onde todo mundo se dá bem e só busca a paz. Dessa forma, em um futuro em que esse mundo perfeito seja uma realidade, as gerações futuras manterão a ordem, e para que isso aconteça, antes é importante recriar o paraíso para que quem vem depois já tenha essa mentalidade altruísta.

Deixa fluir o amorDeixa crescer o amorDeixa fluir o amorO sal da terra
A última estrofe conclui o que já havíamos decifrado ao longo da análise: depende de nós, por sermos o sal da terra, da fluidez do amor para que cresça e resulte em um mundo de paz.

A análise dessa música trouxe duas conclusões: a solução é o amor e a música é atemporal. Mesmo lançada em 1981, há 42 anos, ela ainda continua sendo muito atual por conseguir citar indiretamente as temáticas que estamos vivenciando. 

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